Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
Manuel Bandeira
3 comments:
Considerando a notícia anterior, os versos do Bandeira caem como uma luva sobre nosso estado de alma frente às covardes manobras dos detentores do poder para perpetuar seu domínio e exploração dos menos favorecidos. Desencanto, sim, desencanto, ainda que momentâneo, temporário, porquanto pensamos, sempre, em prosseguir na luta, na esperança de dias melhores aqui ou em qualquer outro lugar.
Quem já está desencantado sou eu... escreve sô! falar nisso meu blog aqui é amagnosouza.blogspot.com
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