30.12.06

Bush, pior impossível!

Os EEUU conseguem com exímia competência piorar a já gritante situação no Iraque após o assassinato de Saddam Hussein.
Todos nós temos convicção da medida equivocada, covarde e autoritária dos EEUU e da Inglaterra ao invadirem em 2003 o Iraque, desobedecendo ao posicionamento da ONU, atrás de supostas armas de destruição em massa.
O número de soldados americanos mortos nos últimos três anos no Iraque supera o total de mortos no 11 de setembro de 2001, levando em consideração os mortos de todas as nacionalidades que ocupavam salas do mega centro empresarial.
Atualmente 64% dos americanos discordam sobre a invasão do Iraque, e respostas vieram nas urnas o partido republicano do presidente George W. Bush foi derrotado de forma humilhante pelo partido democrata nas eleições para congresso semanas atrás.
Tony Blair, fiel escudeiro de Bush, ambos patéticos que lembram as personagens principais do pitoresco Dom Quixote de Miguel de Cervantes, sobretudo pela dificuldade de visualizar a realidade, vê sua popularidade despencar vertiginosamente, fato que forçou o premier Inglês a datar o fim de seu governo para meados de 2007 após doze anos de governo, quando sucedeu Margareth Thatcher, a dama de ferro do Neoliberalismo.
A política internacional dos EEUU conseguiu algo quase impossível nos dias de hoje, a unanimidade, infelizmente ao contrário, nunca em tempo algum na história recente do mundo uma política internacional intervencionista afrontou a tantos, a ponto de os EEUU terem dificuldades interna e externa para convencer a sociedade de suas ações.
Seria muito importante para os EEUU a morte de Saddam ainda em 2006, posto que para a história ficará escrito, pois a história é o relato dos vitoriosos, que a ocupação do Iraque de seu em 2003 e o fim dela teve como marco a morte de Saddam em 2006, ou seja, três anos para resolver um problema que se arrastou por trinta anos.
Hoje dia 30 de dezembro de 2006, o ex-ditador Saddam Hussein foi enforcado em Bagdá, o que assevera ainda mais a situação da pós-ocupação do Iraque. Um preso inofensivo que envelheceria e seria esquecido em uma prisão remota do Iraque virará mártir de uma causa que está longe de acabar e que a cada dia tem mais adeptos, o anti-imperialismo americano.
Hoje ainda tem início o Hajj, peregrinação dos mulçumanos a Meca, precisamente dia 30/12 inicia-se para os Sunitas, facção mulçumana a que pertencia Saddam e amanhã começa para os Xiitas. Analisando friamente poderá começar no Hajj uma reação no oriente médio contra o imperialismo. Lembremos que Mahmoud Ahmadinejad e Bin Laden poderão usar este evento da forma que melhor lhe provierem, por isso, pode ter início com a morte de Saddam um movimento altamente preocupante contra o imperialismo americano, tendo com fato político a morte de Saddam e fato religioso a peregrinação sagrada do Hajj.
O primeiro evento poderá ser, atacar todo e qualquer organismo ligado ao EEUU, isso poderá acontecer com Israel, fato que poderá ser extremado por ter sido realizado na quinta-feira passada uma transação comercial onde Israel autoriza a entrega de 20 mil rifles AK-40 e dois milhões de projéteis para o fatah, numa clara intenção de tencionar, ainda mais, a relação entre o fatah de Abbas e o hamas.

14.12.06

Taquicardia

Hoje eu poderia escrever um poema
mas, permitam-me apenas e tão somente digitar letras, sílabas,
palavras que representam em última análise
espasmos de minha mente refletida num dedilhar desconexo, controverso

Hoje eu poderia resolver meu maior dilema
mas, recuso-me apenas a resolvê-lo nesse diálogo de monossílabas
palavras que apresentam a última catálise
espasmos bioquímicos na mente sem reflexo conexo, verso, inverso

Hoje eu poderia escrever um dilema
monossílabo
em catálise sem análises
inverso

verso
ver

11.12.06

Nunca mais outra vez!

O velório mais esperado dos três que marcaram a história do Chile, da América Latina e da Democracia ocidental.
O primeiro dos velórios foi o do presidente Salvador Allende em 11 de setembro de 1973, quando Pinochet, traindo vontade das urnas mata o socialista Allende, no cerco do palácio la moneda.
É enterrada junto com Allende, a democracia e a liberdade do bravo povo Chileno, que morreu para não renunciar a vontades das urnas, já que defendia que quem teria autoridade para tirá-lo de la moneda seriam os mesmos que lá o colocaram, ou seja, o povo chileno.
Pouco menos de duas semanas depois, o segundo velório, o Chile veria seu orgulho e sua alegria sendo enterrados junto com o poeta Pablo Neruda, velho e doente não suportou ver seu amigo e companheiro Allende morrer e junto com ele a democracia em seu país declamado em verso.
Pinochet, o pior de todos os ditadores da América Latina, trucidou 3.000 pessoas por pensarem diferente de sua posição política, fez do estádio nacional, um campo de extermínio e tortura, onde todos os subversivos eram presos, humilhados e mortos.
Além disso, Pinochet foi decisivo para a concretização da operação Condor, que era uma teia de informações sobre os contrários ao regime militar em toda América Latina, sobretudo, Chile, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, sendo um dos maiores crimes realizados pelos EEUU dentre diversos de sua autoria.
Por ironia do destino, Pinochet morre no dia internacional dos Direitos Humanos, como uma brincadeira da história para a posteridade, como isso, o dia internacional dos direitos humanos tem dois motivos para ser comemorado e debatido neste dia.
O luto da família de Pinochet é legítimo pela perda de um ente querido, mas politicamente a morte de Pinochet fecha um ciclo perverso e sombrio que nunca mais voltará a América Latina.
Após inúmeras vitórias da esquerda na América Latina, o funeral de Pinochet é, inquestionavelmente, o evento derradeiro e esperado que condena seu nome, sua conduta de silenciar gritos de homens e mulheres cheios de esperança numa América Latina livre e independente.
Salvador Allende. Presente!
Pablo Neruda. Presente!
3000 mil vozes. Presentes!

1.12.06

O gatuno letrado

Como quase todos os dias livres busco um tempo para ir a alguma livraria folear livros e encontrar algo interessante. E estas idas sempre me reservam cenários e personagens de características ímpares e de enredo único.
Nesta tarde dirigi-me até uma livraria e lá chegando busquei a literatura relacionada a "Escola de Frankfurt". De imediato solicitei ao vendendor que me averiguasse a existência de livros de Theodor Adorno, Herbert Marcuse, Jüngen Habermas, dentre outros. O solícito vendedor chamado Germano voltou com os livros Educação e emancipação de Adorno e um de Habermas, se dispondo, ainda, a procurar novos títulos dos autores indicados.
En passant, continuei, de forma despretensiosa, a procurar um livro que me chamasse atenção (sem nada em mente) e me deparei com dois títulos de Nietzsche e um de Darcy Ribeiro que, de pronto, foram responsáveis por minutos de silêncio e curiosidade. Embora já os tenha lido, me interessei por uma nova coleção de livros importantes na vida de qualquer pessoa, cujo o valor destas obras representa em média a metade dos preços praticados no mercado.
Neste sentido, questionei novamente o vendedor Germano se havia algo de Max Horkheimer, o que foi prontamente atendido por ele e em seguida me comunicou que constava no sistema da livraria apenas um exemplar do livro "Dialética do Esclarecimento", deixando-me a esperar ao pegá-lo na prateleira que estaria o raro título para entregar-me.
Depois de poucos instantes retorna Germano com um ar decepcionado ao falar, meio que acostumado, que o livro havia sido furtado.
Percebendo-o cabisbaixo perguntei:
_ Não tem o livro?
Germano:
_ Não!
_ Foi furtado... e o pior é que não é a primeira vez!
_ Está no sistema e não está aqui, logo foi furtado. Sentenciou nosso vendendor com ar de Sherlock Holmes.
Passei então a defender o gatuno:
_ Veja só, caríssimo, amigo Germano: se o gatuno tivesse roubado Harry Porter, Porno Política ou O doce veneno do escorpião, me traria maior desesperança... pense bem!
Com ar de interrogação, franziu a testa o vendedor.
_ O gatuno estava cometendo um ilícito duplamente qualificado: Pegar para si objeto alheio e, além disso, um lixo cultural escrito por uma balzaquiana londrina, uma prostituta "culta" e um culto "prostituto"! Observe que o "crime" de furtar lixo cultural supera o delito inicial!
Ao tomar conta que um gatuno teria "afanado"A Dialética do Esclarecimento, me veio um certo orgulho deste ilustre gatuno. Veja só, nossos gatunos também são cultos, roubam Horkheimer!
Doravante, passarei a defender que, por analogia, um homem ou uma mulher que adentrar em uma livraria e pegar para si um livro como o de Horkheimer, poderíamos argumentar que se trata de um saque (ato de tomar para si algo vital para sua subsistência). Agora... se o objeto do furto fosse de qualquer um dos autores acima elencados, ou seja, J. K. Rowling, Bruna Surfistinha e Arnaldo Jabor, o consideraria delito de furto amplamente qualificado, posto que pegar para si bem surpérfluo tipifica o delito de furto simples como qualificado.
Não podemos simplemente chamar o autor do delito de furto de ladrão, temos que debater este conceito, haja vista que, em tese, quem rouba ou furta é ladrão. Entretanto, em Brasília há ladrões e estes são bem piores que o nosso adorável delinqüente. Porém, não podemos jogar o nosso gatuno letrado na lama do Planalto central.
Feito este desabafo, aviso ao defensável gatuno que existem livros sobre esclarecimento e conhecimento igualmente genial. Por isso, não se faça de rogado, afinal você tem as características dos títulos dos livros que acabei comprando nesta tarde curiosa. O Povo Brasileiro, Humano, demasiado humano e Além do bem e do mal, de Darcy Ribeiro e Nietzsche aprovam sua conduta. Sendo assim, só me resta torcer por você... isso mesmo! "Pegue" novos livros, leia o máximo que puder, os repassem aos marginais do saber e não pense em ir à Brasília. Fique por aqui, para o desespero do desesperançoso Germano.