29.11.05

UDR, o nazi-facismo tupiniquim

Hoje, 29 de novembro de 2005, noite alta, chuviscando na janela do escritório onde rabisco este texto, sinto-me transbordar um misto de perplexidade e introspecção.
Na CPI da Terra hoje ocorreu um fato que causaria espanto a Milosevich, Pol Pot ou a Hitler, por tamanha covardia e uso da política para consolidar questões particulares escusas e obscuras, atos que estes ditadores genociadas tiveram sequer o atrevimento de pensar, quiçá colocá-los em práticas.
O relatório que deveria ser votado seria o do deputado do P-SOL/CE João Alfredo, entretanto a famigerada UDR - União Democrática Ruralista, filha primogênita da AIB - Ação Integralista Brasileira de Plínio Salgado, numa manobra digna do terceiro reich, aprovou um relatório retrógado, covarde, imoral, autoritário, enfim falta adjetivos que qualifiquem o dito documento de parecer.
No mau fadado relatório, os três inimigos históricos do Brasil se fizeram presentes, a canalhisse, representada brilhantemente pelo deputado Coronel Braga PFL/DF, aquele contínuo da Rossi e da Taurus no referendo do desarmamento; a cretinisse, que teve como procurador o deputado Aberlado Lupion PFL/PR e por último em não menos importante o deputado Ronaldo Caiado PFL/GO que foi representado pela covardia. Perdão! mudei a ordem, já tenho dificuldades em discernir alguns sujeitos de alguns adjetivos.
O relatório criminoso que foi aprovado, pede o indiciamento de alguns líderes dos movimentos sociais de acesso à terra e estabelece que a invasão passe a figurar no rol dos crimes hediodos como ato de terrorismo.
Como bem lembrou Sader, quando se vê o ruralismo defendendo o armamento e os movimentos sociais de defesa de acesso à terra o desarmamento, temos a certeza de quem faz uso e necessita das armas no campo.
Hediondo são quinhentos anos de exploração da terra por poucos e descompromissados com o país. Hediondo é a reforma agrária que não sai a contento. Hediondo são os latifundiários assassinos que não respondem pelos massacres promovidos covardemente por seus capatazes aos seus mandos.
Terrorista foi o ato promovido pela UDR. Manobra anti-democrática, arbitrária e fétida.
Como advogado fico perplexo por ser membro do poder judiciário que é responsável para fazer com que a legislação seja observada e cumprida. Mas, que legislação estes algozes da democracia e do direitos humanos são capazes de fazer?
Como Agrarista, vejo que a luta no campo é séria, nobre e inadiável, pois amanhã poderá a CPI da Terra criar pastagens a base de adubagem de corpos, mentes e corações de pessoas que defende os movimentos sociais de acesso à terra.
Mesmo que por pouco tempo, saimos derrotados desta batalha e a UDR/PFL sairam vitoriosos. Não posso nesta hora esquecer de Darcy Ribeiro e termino este texto com sua frase mais memorável. "... Sou um homem de causas. Vivi sempre pregando,lutando, como um cruzado, pelas causas que comovem. Elas são muitas, demais: a salvação dos índios, a escolarização das crianças, a reforma agrária, o socialismo em liberdade, a universidade necessária. Na verdade, somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter ficado ao lado dos que venceram nessas batalhas."

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