Acordo como todos os dias lento, sonolento
De frente para espelho que me encara a cara
Reflexo daquilo que não fui, penso, isento
Desejo reencontrar-me numa cara lágrima rara
Na procura busco o futuro no passo do passado
Lembranças de um tempo ido, vivido, esquecido
Memoriais de cortes, recortes, decotes, alado
Asas da saudade, tempo infante, Choro contido
O espelho teima em me roubar o tempo
Que não tenho, corrido, desapercebido
Da falta que faço a ele, desprezado
Para a simples e boa vida, atrasado
Prioridades que fizeram de mim, detido
Involuntariamente renasço, me reinvento
2 comments:
Só para que você saiba que eu já li e reli várias vezes e não posso dizer exatamente que esteja impressionado porque sei de seu imaginário, mas você está de parabéns. A imagem refletida em um espelho é um tema caro na poesia e você tratou dele muito bem.
Tão caro como um julgamento sumário de si próprio. O problema é que não há, neste caso, onde o tempo figura como autor, não há circunstâncias que possam amenizar a pena.
A vida vale o risco, tem que valer!
Parabéns pela poesia.
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