15.7.06

Fui a São Paulo e pedi a benção ao Marcola

Como a maioria de meus amigos sabem, fiz uma viagem de férias para descansar e entrar com força total na campanha eleitoral deste ano. Na minha chegada de volta ao país fiquei uma semana em São Paulo, antiga terra da garoa, agora terreiro do Marcola.
Cheguei a São Paulo no dia 07/07 direto para o Hotel Formule 1 paraíso, próximo a avenida Paulista, jardins e bexiga, que eram naquela semana minha prioridade cultural, artística e gastronômica.
No sábado fomos a rua José Paulino, fazer compras, pegamos, como de costume, o metrô, fomos até a estação da luz que fica a cem metros da referida rua. Na mesma tarde visitamos a pinacoteca do estado, com a coleção de Gilberto Chateaubriand, um século de arte brasileira. O prédio da pinacoteca é maravilho, existe para este fim há cem anos, o acervo digno dos grandes centros europeus, esculturas de Brecheret, Ceschiatti, Rodin, Bourdelle dentre outros, pinturas de Tarsila do Amaral, Anita Mafalti, Tomie Ohtake, Manabu Mabe, Portinari e tantos outros brasileiros de sangue ou por opção que fizeram e fazem da pinacoteca um lugar obrigatório para se visitar em São Paulo.
Estávamos na semana da pizza, então se tornava imperioso visitarmos uma das maiores especialidades gastronômicas da cidade, A Speranza na treze de maio (bexiga), a Braz em Higienópolis e a Margarita nos jardins foram nossos endereços durante a semana, com direito a duas visitas na Margarita, boa pizza (Country e quatro queijos) e num lugar central, Haddock Lobo, jardins.
Fomos ainda ao Museu da Língua Portuguesa, simplesmente fabuloso, depois que o visitei, aquela Brasilidade orgulhosa que tínhamos em tempo de copa do mundo me invadiu, fiquei emocionado ao ver nossa língua cantada, decantada, declamada de forma e foco inimaginável.
No outro dia o MASP com a mostra de Edgar Degas, o artista das bailarinas, com direito a rever Picasso, Cézanne, Van Dick, Renoir, Manet, Van Gogh, Michelangelo, Rembrandt, Matisse, Toulose-Lautrec, Botticelli, Tiziano, Modigliani, Vélazquez, Goya, Hals, Gauguin, Léger...enfim tudo que um dos maiores acervos do mundo pode oferecer.
Na mesma tarde buscamos participar do primeiro festival latinoamericano de cinema. Uma vesperal com quatro curtas, A espera de Godot – Argentina, 303 - Perú, O Crime da Imagem e o Superoutro tupiniquins, os quatro fabulosos...menção honrosa para, infelizmente, o sempre atual superoutro...e ainda tive o prazer de assistir o filme do lado do genitor do referido curta Edgard Navarro, com seu jeito baiano tropicalista de conversar.
Tivemos ainda o prazer inenarrável de ver duas peças muito boas, O Fim da Partida no Centro Cultural São Paulo na vergueiro, próximo ao hotel, e Quando Nietzsche Chorou no teatro imprensa, ambos com muita qualidade, cumprimentos a Scapin que com brilhantismo personifica verdadeiramente a personagem central do texto de Irvin D. Yalom.
Entre um metrô e outro, tivemos tempo após o almoço de assistir ao filme vem dançar comigo com Antonio Banderas. Bonzinho, leve.
A parte ruim da viagem era quando chegávamos cansados de tanto andar em São Paulo e ver na televisão os inúmeros ataques que estavam acontecendo, mas felizmente todos longes de onde estávamos e que não dificultava nada, museus, cinemas, shoppings, teatros, restaurantes sequer ouvíamos comentários da pessoas sobre os ataques.
Os ataques existiam, mas, longe de nossa realidade onde o estado é presente, me senti totalmente alheio aos ataques por sentir segurança, por isso me senti alienígena num mar de violência, talvez tanto quanto as vítimas por viverem em um lugar onde o estado não chega e a segurança é um sonho utópico.
São Paulo não pode sucumbir neste mar, com reservas a parte, esta cidade é referência cultural, econômica e política para o país. E sua derrocada é uma derrota do Brasil e de nós Brasileiros.

2 comments:

Fawller said...

Nas favelas e na periferia onde o Estado se faz ausente o tráfico passou a exercer o papel de governante. Nas áreas onde "a sociedade" habita o Estado se faz presente com sua força policial, com bombeiros, com canteiros, quadras, praças...e os "filhos da sociedade" com seu dinheiro compram suas drogas e ajudam no crescimento econômico, não da nação, das quadrilhas, estas cada vez mais organizadas e que afrontam sim os governos, sejam eles tucanos ou petistas, de direita ou de esquerda, e é por pura incompetência desses governos históricos que o país se encontra a mercê do P.C.C., restando apenas a este a inscrição como partido político, haja vista sua composição ser parecida com os outros, e a candidatura do Marcola a presidente. Vai que ele ganha e diminui, ou pelo menos controla, a violência.
Ferrez já falou, e fala, com propriedade de exclusão, ele é um deles, mas que consegue se fazer ouvir em algumas áreas da sociedade. Pena que sua voz não ecoe no Palácio dos Bandeirantes ou no Planalto.

Gilberto said...

Quanto Becket, irmão! Becket + PCC, tudo a ver! Semana cultural na capital da bandidagem comum. E aí, quando você vai a Brasília?