28.7.06

Reflexo no espelho

Acordo como todos os dias lento, sonolento
De frente para espelho que me encara a cara
Reflexo daquilo que não fui, penso, isento
Desejo reencontrar-me numa cara lágrima rara

Na procura busco o futuro no passo do passado
Lembranças de um tempo ido, vivido, esquecido
Memoriais de cortes, recortes, decotes, alado
Asas da saudade, tempo infante, Choro contido

O espelho teima em me roubar o tempo
Que não tenho, corrido, desapercebido
Da falta que faço a ele, desprezado

Para a simples e boa vida, atrasado
Prioridades que fizeram de mim, detido
Involuntariamente renasço, me reinvento

23.7.06

Versos dos tempos

Sempre quis escrever um poema
Ter a pretensão de escrever um verso
Esboço de um retrato do mundo belo
Fotografia encantadora, sonho, dilema

Sempre quis expressar minha emoção
Ter a ação de me conhecer pelo avesso
Esboço de um retrato, menino travesso
Fotografia preto e branco de ilusão

Um poema para ser único deve ser sentido
Como externar rancor neste mundo sentido?
Que forma de querer entender eu ressentido?

Vi-me na contramão em contrário sentido
Chorando o que deveras me fez sentido
Uma desilusão deste tempo sem sentido.

Hezbollah – O Partido de Deus

Nos últimos dias observamos extasiados que o oriente médio continua sendo o foco de nossas maiores preocupações, visto que, deu-se início a mais uma guerra, como as outras, sem pretexto senão a intransigência.
O Hezbollah, cuja tradução é o partido de Deus, se formou no começo da década de oitenta com apoio institucional do Irã que acabava de mergulhar no regime dos Aiatolás, com Khomeini como referência, além da Síria.
Na verdade o hezbollah teve como escopo inicial fazer fronte no sul do Líbano às investidas Israelis, como de 1982, por exemplo, depois disso a organização passou a ser importante força política no Líbano, sendo ainda referência de assistência no sul do país em mais de 130 cidades com escolas e hospitais.
Na semana passada a tensão veio à tona novamente, quando do seqüestro de soldados Israelense por parte do hezbollah, daí o início dos ataques de Israel ao sul do Líbano, logicamente que no afã de se desmantelar a organização mulçumana, as bombas e mísseis matam civis na sua maioria, homens, mulheres e crianças que morrem sem ao menos entender como dois povos que tem como origem a mesma árvore religiosa se matam de forma tão atroz em nome de um Deus que é o mesmo.
Deus, D’us, Alá, Cristo, Buda, Shiva, Ogum, quaisquer um desses ícones religiosos pregavam a coexistência pacífica e o respeito à liberdade, hoje a intransigência é plantada nos corações destas pessoas com objetivos espúrios e mercenários, fazendo manchar de sangue a terra prometida, canaã, Jerusalém...solo santo para todas a religiões monoteístas.
Não nos matemos!!! Não nos matemos em nome de Deus!!! Nenhum pai quer ver a morte de seus filhos, ainda mais onde os assassinos sejam seus irmãos.
Respeitemos a soberania de cada estado, respeitemos as diferenças, respeitemos o direito universal de cada ser humano escolher seu destino, sem comprometer a sobrevivência de outro ser humano.
Esta guerra não está longe de nós brasileiros, está muito mais perto do que nunca, amanhã é o retorno das férias escolares e numa escola de Foz do Iguaçu todos sentirão a falta de dois brasileirinhos que aos oito anos de idade foram vítimas de uma guerra sem razão, como todas, e sem propósito senão a de mutilar pessoas, famílias e esperanças.

15.7.06

Fui a São Paulo e pedi a benção ao Marcola

Como a maioria de meus amigos sabem, fiz uma viagem de férias para descansar e entrar com força total na campanha eleitoral deste ano. Na minha chegada de volta ao país fiquei uma semana em São Paulo, antiga terra da garoa, agora terreiro do Marcola.
Cheguei a São Paulo no dia 07/07 direto para o Hotel Formule 1 paraíso, próximo a avenida Paulista, jardins e bexiga, que eram naquela semana minha prioridade cultural, artística e gastronômica.
No sábado fomos a rua José Paulino, fazer compras, pegamos, como de costume, o metrô, fomos até a estação da luz que fica a cem metros da referida rua. Na mesma tarde visitamos a pinacoteca do estado, com a coleção de Gilberto Chateaubriand, um século de arte brasileira. O prédio da pinacoteca é maravilho, existe para este fim há cem anos, o acervo digno dos grandes centros europeus, esculturas de Brecheret, Ceschiatti, Rodin, Bourdelle dentre outros, pinturas de Tarsila do Amaral, Anita Mafalti, Tomie Ohtake, Manabu Mabe, Portinari e tantos outros brasileiros de sangue ou por opção que fizeram e fazem da pinacoteca um lugar obrigatório para se visitar em São Paulo.
Estávamos na semana da pizza, então se tornava imperioso visitarmos uma das maiores especialidades gastronômicas da cidade, A Speranza na treze de maio (bexiga), a Braz em Higienópolis e a Margarita nos jardins foram nossos endereços durante a semana, com direito a duas visitas na Margarita, boa pizza (Country e quatro queijos) e num lugar central, Haddock Lobo, jardins.
Fomos ainda ao Museu da Língua Portuguesa, simplesmente fabuloso, depois que o visitei, aquela Brasilidade orgulhosa que tínhamos em tempo de copa do mundo me invadiu, fiquei emocionado ao ver nossa língua cantada, decantada, declamada de forma e foco inimaginável.
No outro dia o MASP com a mostra de Edgar Degas, o artista das bailarinas, com direito a rever Picasso, Cézanne, Van Dick, Renoir, Manet, Van Gogh, Michelangelo, Rembrandt, Matisse, Toulose-Lautrec, Botticelli, Tiziano, Modigliani, Vélazquez, Goya, Hals, Gauguin, Léger...enfim tudo que um dos maiores acervos do mundo pode oferecer.
Na mesma tarde buscamos participar do primeiro festival latinoamericano de cinema. Uma vesperal com quatro curtas, A espera de Godot – Argentina, 303 - Perú, O Crime da Imagem e o Superoutro tupiniquins, os quatro fabulosos...menção honrosa para, infelizmente, o sempre atual superoutro...e ainda tive o prazer de assistir o filme do lado do genitor do referido curta Edgard Navarro, com seu jeito baiano tropicalista de conversar.
Tivemos ainda o prazer inenarrável de ver duas peças muito boas, O Fim da Partida no Centro Cultural São Paulo na vergueiro, próximo ao hotel, e Quando Nietzsche Chorou no teatro imprensa, ambos com muita qualidade, cumprimentos a Scapin que com brilhantismo personifica verdadeiramente a personagem central do texto de Irvin D. Yalom.
Entre um metrô e outro, tivemos tempo após o almoço de assistir ao filme vem dançar comigo com Antonio Banderas. Bonzinho, leve.
A parte ruim da viagem era quando chegávamos cansados de tanto andar em São Paulo e ver na televisão os inúmeros ataques que estavam acontecendo, mas felizmente todos longes de onde estávamos e que não dificultava nada, museus, cinemas, shoppings, teatros, restaurantes sequer ouvíamos comentários da pessoas sobre os ataques.
Os ataques existiam, mas, longe de nossa realidade onde o estado é presente, me senti totalmente alheio aos ataques por sentir segurança, por isso me senti alienígena num mar de violência, talvez tanto quanto as vítimas por viverem em um lugar onde o estado não chega e a segurança é um sonho utópico.
São Paulo não pode sucumbir neste mar, com reservas a parte, esta cidade é referência cultural, econômica e política para o país. E sua derrocada é uma derrota do Brasil e de nós Brasileiros.

1.7.06

¿Nosotros tambien?

Ontem fizemos um city tour pela cidade de Buenos Aires, logo depois fomos deixados no bairro da recoleta, zona nobre da capital portenha, buscamos uma churrascaria para assirtir Argentina e Alemanha, o jogo que apresentaria o oponente do Brasil na final do mundial.
Confesso que durante o banquete ficamos observando o quanto é apaixonado o povo argentino por sua selecion, aplaude, canta, grita, vibra, sorri e chora, o povo argentino é um monumento à passionalidade, durante os noventa minutos teve um repertório de mandingas, comportamentos doentio tanto como nós Brasileiros.
Quando a Argentina fez o gol, tive que conter um grito do tipo "puta que pariu!", mas respirei fundo e continuava clandestino no campo inimigo. Pasmem! Consegui passar desapercebido!
Começa o tempo extra e estava cada vez mais difícil secar os ataques da Argentina e torcer para Alemanha, mas, meu propósito era maior venhos nossos hermanos sofriendo por uma desclassificacion da selecion, no tienes precio!
Quando a Argentina cai diante do selecionado Germânico, um sorriso me salta ao canto da boca, do tipo que fala em todas as línguas a cretina frase "eu já sabia". Fui atrás do núcleo da torcida portenha, tinha que tirar uma foto de um Argentino derrotado, amargurado, triste, choroso, traído, enfim, prestes a compor um tango. Tirei a foto e logo que chegar à Natal colocarei nesta página para dividir com todos esta iguaria.
Para acabar com o dia de sexta-feira, tínhamos que ir a um autêntico show de tango, tivemos o prazer de irmos ao "Esquina Carlos Gardel" que era francês, péssimo presságio! O Show foi fantástico, boa música, boa comida...e um vinho espetacular.
Hoje pela mañana fomos todos de verde e amarelo a travessia, de buquebus, para Montevideo. Tudo parecia nos levar a um dia fabuloso e vitorioso, é claro! Ledo engano, buscamos um restaurante no Punta Carretas para vermos o Brasil jogar e vingar a nossa vergonha de 1998.
Fizemos nossas mandingas, rituais e tudo mais, mas uma coisa continuava a mesma, o Brasil sempre se comporta da pior forma contra a França em mundiais... Caímos sem lutar, covardemente, a melhor selecion do mundo e desclassificada, numa prova de toda justiça do futebol. Esse grupo no poderia ganhar a copa, seria o fim do futebol! Nomes que, no papel e nos times que os fizeram milionários, sao fantásticos, mas quando representam 180 milliones de Brasileiros, amarelam com a acepcion mais covarde que existe...
Ao fim do jogo com a França, observei que os Argentinos de ontem foram os Brasileiros de hoje, com uma única e dolorosa diferença, todos aqui acham que a Argentina morreu de pé lutando e essa certeza no temos de nosso selecionado imperial, fenomenal, melhor do mundo mas com pouquíssima eficiência futebolística.
Agora nos resta ver uma copa européia, pois nosso futebol, tipo exportacion, foi embargado por omission!
Vou beber vinho, comer bacalhal com muito azeite e ver um brasileiro com onze burros chucros jogar e ser competitivo numa semifinal mundial.
Fazer o que? Futebol também é resultado!!!
perdoem os erros, pois teclado en español, ninguém merece!!!