5.6.06

América Latina Lulista ou Chavista? Quem joga a favor do Império Yankee?

Quem diria que em pleno século XXI dois presidentes contrários ao imperialismo estadunidense na América Latina fossem os responsáveis pela liderança de um bloco severamente explorado a mais quinhentos anos.
A exploração da América Latina, como bem relata Galeano, ocorre desde seu descobrimento, à prata de Potosi (Peru), o ouro de Vila Rica (ouro preto), o petróleo de Maracaíbo, o salitre do pampa Chileno, o quebrancho dos pampas Argentinos, a borracha da Amazônia, o algodão do nordeste brasileiro, o gás da Bolívia, as terras mexicanas, enfim, o que foi um dia veias abertas se mantém como feridas não cicatrizadas, inflamadas e infecciosas.
Tamanha exploração nos rendeu o nome de nações famintas como assevera o pensador Noam Chomsky, nossa fome nasceu por ter nos tirado o prato e os alimentos tão farto em nossas terras.
Nos últimos seis anos o mundo vem assistindo a derrocada do poder estadunidense na América Latina. Em primeiro lugar pela total incapacidade norte-americana de construir uma política regional justa e firme e em segundo pelo surgimento de lideres regionais com Chavez e Lula.
O líder venezuelano surgiu com o sonho de conseguir as mesmas vitórias de Simon Bolívar de libertar toda a América Latina do poderio dos Estados Unidos, entretanto seu populismo exagerado aliado a uma megalomania de fazer inveja a Nero, faz com o que o presidente Chavez se perca no caminho da boa luta.
O Presidente Brasileiro nasce num momento de esperança do povo Brasileiro e da negação dos poderes instituídos, por isso, tem uma expressiva vitória nas urnas e com índices de popularidade notáveis. Após a vitória de Lula no Brasil se segue uma série de vitórias importantes para a esquerda na América Latina, Kishiner na Argentina, Tabaré Vasquez no Uruguai, Michelle Bachelet no Chile, Evo Morales na Bolívia. Entretanto, Argentina, Uruguai e Chile seguem o caminho proposto pelo país líder da América Latina, Brasil, mesmo com o calote Argentino, o cumprimento de contratos e respeito aos negócios jurídicos foram à tônica da gestão portenha, uruguaia, Brasileira e Chilena.
O Presidente eleito da Bolívia Evo Morales acaba sendo intelectualmente dominado por Chavez que passa a questionar a liderança natural do Brasil na América Latina, com isso perde toda a esquerda mundial, posto ser a América Latina exemplo de revolução etapista moderna, nas urnas, democráticas.
Na eleição realizada ontem no Peru tínhamos claramente dois candidatos totalmente lesivos ao povo peruano que desde Alberto Fujimore sofre com a pobreza acentuada pelos escândalos de corrupção da última década.
Nesta eleição particularmente os candidatos que polarizam a campanha usam eleitoralmente a ligação com duas lideranças latino-americanas, Ollanta Humala da união pelo Peru, nacionalista que não obteve êxito em um golpe de estado anos atrás, usa o apoio do presidente do país vizinho venezuela do presidente Chavez, já Alan García do partido aprista, ex-presidente que governou o país de 1985/1990, apresenta como referência o presidente Brasileiro Lula da Silva, numa disputa acirrada o candidato Alan García governará o Peru até 2011.
O Governo brasileiro busca a melhor forma de integrar a América Latina, entretanto, nos planos de poder de Chavez torna-se imperioso que ele próprio se apresente como porta voz da América Latina e para isso usa armas questionáveis, como por exemplo, as ações estatais do presidente Morales da Bolívia, mesmo sendo totalmente legítimo a nacionalização do gás, foi realizado de forma equivocada.
Chavez deveria entender que seus atos enfraquecem o MERCOSUL, uma vez enfraquecido, o países signatários migram para a ALCA e não para o natimorto PACTO ANDINO como erroneamente acredita o líder venezuelano. A ALCA forte com um presidente americano melhor preparado volta o EEUU a dominar a América Latina que vive sua maior oportunidade de liberdade de fato desde o mal fadado Tratado de Tordesilhas em mais de quinhentos anos de exploração contínua.

4 comments:

Gilberto said...

Eis uma tese deveras interessante. Creio que a esquerda brasileira em particular tem se encantado muito com as possibilidades da conexão chavista e não tem percebido que a necessária união latino-americana tem sofrido barbaramente. O projeto pessoal de Chavez de se tornar o grande irmão da oprimida latino américa apenas mitiga, senão impossibilita, uma luta organizada e irmanada contra o poder norte-americano. Uma pena.

Fawller said...

Vivemos uma revolução na América Latina, há anos explorada, oprimida e devastada, com suas entranhas já devoradas pelo "Falcão" da liberdade, e pelos nossos coleguinhas colonizadores. Essa revolução que se apresenta mais vultosa nos últimos anos em decorrência dessa exploração, é causa para o surgimento de populistas imbecis como o Chavez, que não acredito ter como ideal a integração latino americana, mas muito mais um projeto de ser tornar um mito como Simon Bolivar o fora, e também de marionetes como o Evo "Coca" Morales (acho que o chá que ele bebeu foi feito de folhas estragadas).
Aqui na terra canarinha, país do futebol, do carnaval e da putaria (são tantos filhos que parece produção em série) vemos constantemente, e cada vez com mais força e ousadia, o ataque aos instrumentos democráticos conquistados através do sangue derramado dos revolucionários durante a ditadura, e isso nos faz crer que não existem mais limites, e que o sonho de um pais mais igualitário, e justo socialmente, na verdade será sempre um sonho, um simples jargão como aquele que diz que o "Brasil é o país do futuro", e esse futuro nunca chega.
Não sei ao certo se seria "a luta contra o imperialismo yankee" a bandeira mais adequada. Creio ser a luta contra a corrupção endêmica que reside em nossas instituições, o meio para atingir o tão almejado sonho latino americano, e isso por sí só já traria na esteira dessa revolução a integração entre nossos países.

Bony Daijiro Inoue said...

rapaz...tú deveria proibir Fawller de fazer comentário aqui...bota ele pelo menos pra ser o último comentário, pq o "caba" lê o post e quando vai comentar lê o comentário do Fawller, se sente o mais burro dos ignorantes...
Achei muito inteligente, não só post, mas também o comentário do Fawller. Parabéns a ambos!

Alexandre Magno said...

Ei... qual o interesse desse povo todo... você acredita mesmo num propósito coletivo nacionalista ou coletivo de grupelhos de esquerda ou direita... ando meio cético.