12.10.07

O Nobel saiu do armário!

Em um pouco mais de vinte e quatro horas a Real Academia Sueca, responsável pelo prêmio Nobel, consegue avançar mais do que em um século de existência.
Nesta semana a Real Academia Sueca galardoa com o Nobel da Paz, o ex-vice presidente americano, o democrata Al Gore e o painel climático da ONU e com o Nobel da Literatura a Romancista Doris Lessing.
A Iraniana Doris Lessing, filha de um oficial britânico, passou sua infância no Zimbábue e de radicando na Inglaterra ainda no final do anos 40.
Nada de mais em uma senhora simpática com seus 87 anos de idade. Entretanto, seus romances sempre têm como cenários o pós guerra, o terrorismo, o caos em mentes e corações resultante das corridas imperialistas.
O Nobel da literatura sempre acaba nas mãos de escritores que se omitem politicamente da situação mundial, sendo exceções importantíssimas o prêmio de 1998 para o Lusofônico José Saramago e em 1964 para Jean-paul Sartre, que o recusa numa clara reprovação do que havia se transformado o pensar e as realizações em torno do Nobel, sobretudo da Literatura que anos antes, em 1953, tinha preterido Ernest Hemingway à Winston Churchil, fato corrigido no ano posterior ao galardoar Hemingway numa clara tentativa de sanar o erro do ano anterior.
O Nobel da paz em 2007 é emblemático em razão de ser revestido do tema ambiental, da auto-análise política da humanidade, das ações ou reações terroristas à políticas autoritárias e tão atrozes quanto o próprio terrorismo.
Neste cenário, ao premiar Al Gore a Real Academia Sueca, reprova todas as intervenções dos EE.UU. que nos últimos anos são liderados por W. Bush, talvez o mais intelectualmente limitado presidente do EE.UU., mesmo comparando com Nixon e o ator Reagan.
Al Gore perdeu a corrida presidencial de 2000, para então governador sulista do Texas (aquele estado sulista formado por terras roubadas do México em 1845, numa cena teatral de independência texana e depois a incorporação americana) W. Bush, que tinha como única referência ser filho do ex-presidente armamentista Bush pai.
Al Gore vence o pleito com o tema ambiental em voga, um verdade inconveniente é sobremaneira um dos mais felizes documentários neste campo em anos, ex-candidato contrário a Bush, com vertente ambiental quando o Bush se desvia do protocolo de Kioto com o diabo corre da cruz, passa a se observar que a corrida presidencial de 2008 já começou nos estados unidos, sendo dúvidas apenas quem vai concorrer com Condoleezza Rice pelo lado democrata, Al Gore, o senador havaiano Obama ou a ex-primeira dama, numa infeliz coincidência ao que ocorre hoje na argentina.
Não me furtarei a criticar à Real Academia Sueca, por ter covardemente, após atos igualmente covardes de nossos compatriotas, de deixar vago o prêmio Nobel de medicina de 1921, tendo como candidato único brasileiro Carlos Chagas, numa manobra política enfadonha nos tirou o que seria primeiro prêmio Nobel.
Em 1953 e 1963 o brasileiro Josué de Castro concorreu a Nobel da Paz com sua luta humanitária contra a fome, mas infelizmente foi preterido, fato inaceitável foi o vencedor de 1953, o Sr. George Marshall, autor do plano de reconstrução européia e americana, um aprofundamento da Doutrina Truman, ambas tendo como escopo confronto com o socialismo.

2.10.07

Bravos Monges!

Infelizmente, o longínquo estado de Myanmar vive uma das mais graves crises políticas recentemente em razão sobretudo da situação econômica, social e religiosa do país, aliado a uma localização estratégica e um domínio ditatorial desde 1962.
Todas as cidades e províncias de Myanmar vivem em um degradê de cores, o laranja predominante das vestes dos monges budistas e o vermelho do sangue do seu povo, derramado em razão da negação desta atual situação no país e que o regime de General Than Shwe contesta com poucos argumentos e muitas agressões ao povo e aos direitos humanos.
Myanmar é um país que tem suas terras povoadas desde os remotos tempos, tendo seu povo sido originado dos mongóis que invadiram a região ainda por Gêngis Khan aproximadamente no século XIII.
Ao longo de sua história Maynmar foi invadida pela China, apensada pela Índia e durante a segunda grande guerra invadida pelo Japão. Myanmar faz fronteira com a China e a Índia, daí sua situação complicada de relações com os dois gigantes da Ásia.
Após os primeiros conflitos Amarelos-laranjas, como são chamados por alguns veículos de imprensa, os EE.UU. e União Européia em uma raríssima ação em conjunto, sem interesse aparentes, tentaram reprovar a conduta do Governo de Myanmar na ONU, para que com isso pudesse enviar ajuda humanitária para garantir que se perdesse o mínimo de vida possível.
O que causa atenção, às vezes passado desapercebido é o fato de a China, que ao longo dos últimos anos tem estreitado os laços com o governo igualmente ditatorial, com seu poder de veto inviabilizou a ação conjunta dos EE.UU. e União Européia.
Permita-me um comentário, caloroso e fatalista, mas com alguma lógica. O veto da China do caso de Myanmar foi uma clara resposta da conduta ocidental, com a seguinte mensagem: Do oriente cuido eu!!! A China se agigantando, os EE.UU. numa clara crise de identidade e a Europa não reconstruída da credibilidade política perdida na Invasão do Iraque, com forte ajuda de Tony Blair, pode ser o pólo mais frágil dessa nova bipolarização.
Esse novo cenário de bipolarização é muito mais preocupante que o da guerra fria, já que esta nova cortina não é de ferro, mas de fumaça que acaba por desvirtuar a direção que de fato devemos olhar neste crescimento onipresente da economia chinesa aliada a uma produção escravocrata em um regime não democrático.
Não se trata de xenofobia, trata-se de uma reação cautelosa a conduta chinesa neste cenário altamente importante. Se a China tomar gosto pelo papel de zelador da Ásia, quem terá dividendos da aresta histórica entre o norte e o sul na coréia? O Satélite Índia ficará sob qual órbita? Dois países. Metade da humanidade.
Tudo em relação a China tem proporções únicas e absurdamente inacreditáveis.