23.6.06

Imaginário coletivo, o belo e o dano estético

Na grécia começaram a pensar sobre a estética através de objetos bonitos e decorativos. Platão sentia que objetos bonitos incorporavam uma proporção, harmonia, e união entre elas. Semelhantemente, nas “Metafísicas”, Aristóteles teorizou que os elementos universais de beleza eram a ordem, a simetria e a definição.
Na Antiguidade - especialmente com Platão, Aristóteles e Plotino - a estética era estudada conjuntamente com a lógica e a ética, e o belo, o bom e o verdadeiro formavam uma unidade. Desse modo, se pretendia alcançar a essência do belo; mas sempre identificando-o com o bom, tendo em conta os valores morais. Na idade média surgiu a intenção de estudar a estética independente de outros ramos filosóficos.
Posteriormente com a publicação da obra “Aesthetica” de Alexander Gottlieb Baumgarten, em 1750 e com Kant em “Crítica da Faculdade do Juízo” temos uma ciência pré estabelecida de estudo do belo no imaginário coletivo.
No Brasil merece registro de Ariano Suassuna em sua obra “Iniciação a Estética” que trabalha de forma peculiar o belo e o feio, suas dimensões e distorções.
No ocidente a falta de simetria, a não adequação a convenção estabelecida rotula os detentos desta característica “exótica” marginalizando-o socialmente de forma contundente.
A essa merginalização é conceituada e contextualizada no pensamento de Foucault, sendo da natureza humana a fuga daquilo que não seja convencional, onde leprosos, paralíticos, feridos e deficientes são aglomerados longe dos olhos omissos da sociedade.
A estas pessoas jamais foram dado a chance de se apresentar como uma pessoa que pensa ou que tenha sentimentos, apenas foi condenada pela aparência, o feio é rotulado de negativo, prova disso são clássicos da literatura que apresentam personagens magníficas, entretanto trazendo consigo as peculiaridades defendidas por Foucault, como “O Corcunda de Notre Dame” de Victor Hugo ou “O Homem da Máscara de Ferro” de Alexandre Dumas, livros clássicos que causam variadas emoções no leitor, mesmo sabendo da qualidade das personagens e de sua importância da trama escrtita por estes grandes escritores.
O pensamento ocidental ainda não conseguiu separar o conceito do belo e do bom, ou seja, o pensamento de Foucault, em “As palavras e a coisas” acerca do feio marginalizado ainda povoa nossas mentes, por isso, a necessidade de amenizar o dano estético sob pena de constrangimento inevitável por parte da vítima do dano, posto esta ser vítima do imaginário coletivo de uma cultura ocidental helênica amparada no culto estético sem nenhuma ruptura de valores independentes da plástica humana.

5.6.06

América Latina Lulista ou Chavista? Quem joga a favor do Império Yankee?

Quem diria que em pleno século XXI dois presidentes contrários ao imperialismo estadunidense na América Latina fossem os responsáveis pela liderança de um bloco severamente explorado a mais quinhentos anos.
A exploração da América Latina, como bem relata Galeano, ocorre desde seu descobrimento, à prata de Potosi (Peru), o ouro de Vila Rica (ouro preto), o petróleo de Maracaíbo, o salitre do pampa Chileno, o quebrancho dos pampas Argentinos, a borracha da Amazônia, o algodão do nordeste brasileiro, o gás da Bolívia, as terras mexicanas, enfim, o que foi um dia veias abertas se mantém como feridas não cicatrizadas, inflamadas e infecciosas.
Tamanha exploração nos rendeu o nome de nações famintas como assevera o pensador Noam Chomsky, nossa fome nasceu por ter nos tirado o prato e os alimentos tão farto em nossas terras.
Nos últimos seis anos o mundo vem assistindo a derrocada do poder estadunidense na América Latina. Em primeiro lugar pela total incapacidade norte-americana de construir uma política regional justa e firme e em segundo pelo surgimento de lideres regionais com Chavez e Lula.
O líder venezuelano surgiu com o sonho de conseguir as mesmas vitórias de Simon Bolívar de libertar toda a América Latina do poderio dos Estados Unidos, entretanto seu populismo exagerado aliado a uma megalomania de fazer inveja a Nero, faz com o que o presidente Chavez se perca no caminho da boa luta.
O Presidente Brasileiro nasce num momento de esperança do povo Brasileiro e da negação dos poderes instituídos, por isso, tem uma expressiva vitória nas urnas e com índices de popularidade notáveis. Após a vitória de Lula no Brasil se segue uma série de vitórias importantes para a esquerda na América Latina, Kishiner na Argentina, Tabaré Vasquez no Uruguai, Michelle Bachelet no Chile, Evo Morales na Bolívia. Entretanto, Argentina, Uruguai e Chile seguem o caminho proposto pelo país líder da América Latina, Brasil, mesmo com o calote Argentino, o cumprimento de contratos e respeito aos negócios jurídicos foram à tônica da gestão portenha, uruguaia, Brasileira e Chilena.
O Presidente eleito da Bolívia Evo Morales acaba sendo intelectualmente dominado por Chavez que passa a questionar a liderança natural do Brasil na América Latina, com isso perde toda a esquerda mundial, posto ser a América Latina exemplo de revolução etapista moderna, nas urnas, democráticas.
Na eleição realizada ontem no Peru tínhamos claramente dois candidatos totalmente lesivos ao povo peruano que desde Alberto Fujimore sofre com a pobreza acentuada pelos escândalos de corrupção da última década.
Nesta eleição particularmente os candidatos que polarizam a campanha usam eleitoralmente a ligação com duas lideranças latino-americanas, Ollanta Humala da união pelo Peru, nacionalista que não obteve êxito em um golpe de estado anos atrás, usa o apoio do presidente do país vizinho venezuela do presidente Chavez, já Alan García do partido aprista, ex-presidente que governou o país de 1985/1990, apresenta como referência o presidente Brasileiro Lula da Silva, numa disputa acirrada o candidato Alan García governará o Peru até 2011.
O Governo brasileiro busca a melhor forma de integrar a América Latina, entretanto, nos planos de poder de Chavez torna-se imperioso que ele próprio se apresente como porta voz da América Latina e para isso usa armas questionáveis, como por exemplo, as ações estatais do presidente Morales da Bolívia, mesmo sendo totalmente legítimo a nacionalização do gás, foi realizado de forma equivocada.
Chavez deveria entender que seus atos enfraquecem o MERCOSUL, uma vez enfraquecido, o países signatários migram para a ALCA e não para o natimorto PACTO ANDINO como erroneamente acredita o líder venezuelano. A ALCA forte com um presidente americano melhor preparado volta o EEUU a dominar a América Latina que vive sua maior oportunidade de liberdade de fato desde o mal fadado Tratado de Tordesilhas em mais de quinhentos anos de exploração contínua.